domingo, 4 de outubro de 2015

Porque não temos carros Diesel no Brasil ?

Diante do cenário de preços de combustíveis no Brasil você talvez já tenha se perguntado em algum momento, porque não temos carros movidos a Diesel no Brasil ? Já temos o Etanol, a Gasolixo Gasolina, e o GNV, mas a resposta para essa pergunta é um pouco complexa e envolve uma série de fatores, fatores esses que no Brasil podem envolver até interesses muito maiores por parte de quem está por trás dos bastidores, pois bem vamos lá...
A lei foi implementada em 1976 ou seja três anos depois da crise do petróleo que se deu em 1973, ou seja a 39 anos atrás e junto com o PróAlcool que na época visava minimizar o consumo de combustíveis derivados do petróleo, a partir dai somente caminhões, ônibus, picapes com capacidade de carga superior a 1.000 kg e utilitários com tração 4×4 e reduzida poderiam usar esses motores.
Na época em que o diesel foi proibido para carros de passeio 98% do transporte nacional de passageiros e cargas era movido a derivados de petróleo e o País precisava importar 78% do petróleo consumido, um tremendo rombo nos cofres públicos que fez a divida externa aumentar significativamente, cerca de US$48 Bilhões entre os anos de 1973 e 1980.
Diante da crise do petróleo vivida em 1973 que fez com que o barril do petróleo fosse cotado a US$53,90, isso gerou um custo de mais de US$2,6 Bilhões em 1974 com custos de importações.
Desde então, houve várias tentativas de derrubar essa lei, mas sempre surgia algum argumento como a questão ambiental, pois no passado o diesel emitia muito material particulado e prejudicial para a saúde humana, porém com a evolução dos combustíveis e no setor automobilístico essa história mudou completamente, o diesel S10 por exemplo é prova disso, tem baixo teor de enxofre em sua composição e se assemelha muito ao combustível usado na Europa, reduzindo drasticamente a poluição.
O carro a Diesel oferece uma série de benefícios para os condutores Brasileiros, apresenta um menor consumo por quilometro rodado chegando a fazer até 30km/l em alguns modelos, e ainda conta com um motor com uma durabilidade muito superior se comparado aos veículos movidos a Gasolina ou Etanol, se antigamente eram barulhentos, fumegantes e poluentes hoje são totalmente o contrário, possuem acabamento refinado e motores muito silenciosos que passam desapercebido pelas ruas, praticamente todos os modelos disponíveis aqui no mercado Brasileiro, tem uma versão a Diesel para serem distribuídos no mercado Europeu.
VOLKSWAGEN POLO 1.2 TDI BLUEMOTION CONSUMO DE 30KM/L
Apesar de todos os problemas políticos na Petrobrás, a extração de petróleo brasileira é uma das maiores do mundo e as exportações equilibram as importações necessárias (a autosuficiência divulgada pela estatal recentemente). A produção de diesel prevista para os próximos anos deverá chegar a quase o dobro da demanda em 2021. Além disso, hoje temos o diesel "limpo", os chamados S-10 e S-50, com menor concentração de enxofre (consequentemente, menos poluentes) e menor emissão de gases causadores do efeito estufa. Essa eficiência também é alcançada pelos avanços das tecnologias como injeção direta de diesel, que permite melhor precisão no volume injetado e otimização do fluxo e tratamento dos gases emitidos (adoção de filtros de partículas e do sistema de recirculação de gases de escape).
Isto acabou resultado em um novo motivo pela opção dos modelos a diesel na Europa: na maioria dos países da União Europeia há incentivos de licenciamento e circulação para carros com baixa emissão de CO2 por quilômetro rodado. Os menores índices atualmente são obtidos por motores turbodiesel com stop/start, chegando a menos de 100 g de CO2 por quilômetro, os modelos a gasolina equivalentes emitem 150 g/km, em média e o Bugatti Veyron, o recordista de emissões, chega a 585 g/km.
A questão aqui no Brasil pode ser decidida principalmente por uma questão ambiental e partindo do ponto de vista ecológico isso pode ser muito bonito e agradável, mas será mesmo que essa decisão parte dai ? Sabe - se que no Brasil tudo gira em torno de lucros astronômicos e que se pensarmos bem o setor que mais lucra hoje em dia no país é o setor petrolífero, os donos de postos que o digam seja com a gasolina a R$3,50 o movimento nunca cai e quem paga o pato é sempre o consumidor, os reajustes são constantes mas mesmo assim a população dos centros urbanos ainda prefere pagar o preço ao invés de usar o transporte público falido e sucateado, onde se cansa mais voltando para casa do que trabalhando.
Nessa questão os donos de postos de gasolina e investidores no setor petrolífero ainda veem no mercado brasileiro uma boa fonte de "dinheiro" e preferem fazer com que nunca essa lei de proibição do uso do diesel em carros populares seja derrubada, porque se hoje um carro econômico movido a gasolina tem um consumo de 13km/l na cidade o carro movido a Diesel faria uma média de 28km/l.

Interior Mercedes - Bens C250 Diesel Coupe AMG Sport Edition - Luxo sem Igual
O preço dos dois combustíveis tanto a Gasolina quanto o Diesel é praticamente o mesmo girando em torno de R$2,799 para a Gasolina e R$2,599, no Diesel uma diferença de apenas R$0,20 pode ser pouco mas a sua autonomia que impressiona como eu citei anteriormente, além da durabilidade dos motores a Diesel que é muito maior, o que também atinge o mercado de reposição de peças que também é um grande investimento aqui no Brasil já que em toda a esquina vemos uma Auto - Peças que sempre estão cheias e ganham muito dinheiro, para se ter ideia de quanto o setor de reposição de peças é lucrativo o mercado chegou a faturar em 2014 cerca de R$105,84 Bilhões, valores que impressionam.
Na maior parte das vezes os problemas mais comuns apresentados nos carros hoje em dia estão relacionados a parte de suspensão, decorrente da má conservação de vias públicas e no sistema de injeção de combustível resultado da má qualidade da nossa Gasolixo Gasolina, esses fatores acredito eu que possam contribuir e muito com que o Diesel não seja de fato liberado por aqui em carros pequenos, até porque os grandes empresários dos setores de peças de reposição e donos de postos não vão querer de forma nenhuma perderem a sua fatia do bolo.

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